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2012 - Livro Vermelho 2013

Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 02-04-2012

Criterio: A4d;B2ab(iii,iv,v)

Avaliador: Maria Marta V. de Moraes

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Aespécie ocorre nas regiões nordeste, sudeste e sul, com AOO de 968 km². Acanela-sassafrás vem sendo muito explorada para a extração do óleo e é apreciada também pela sua madeira de boa qualidade para uso em construção civil. Alémda exploração, a espécie possui fatores de reprodução e dispersão que dificultama sua regeneração natural, como a produção irregular de sementes; dificuldadena germinação devido à oxidação do óleo; grande distanciamento entre árvoresisoladas; diminuição, cada vez maior, dos agentes polinizadores; predação dosfrutos e sementes por roedores, pássaros e insetos; podridão de sementes porfungos e, soma-se a estes fatores, um número cada vez menor de matrizes nafloresta, devido a persistente exploração madeireira.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer;

Família: Lauraceae

Sinônimos:

  • > Ocotea pretiosa ;
  • > Mespilodaphne pretiosa ;
  • > Aydendron suaveolens ;
  • > Laurus odorifera ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Ocotea odorifera é uma espécie muito próxima de O. indecora, da qual se diferencia pelo fruto de cúpula verruculosa, folhas lanceoladas, geralmente maiores, com 13,0-24,0 x 3,6-5,5 cm e gemas apicais robustas, enquanto O. indecora apresenta fruto de cúpula lisa, folhas menores, com 5,6-10,9 cm x 2,0-4,6 cm e gemais apicais mais delgadas, áureo-seríceas (Quinet; Andreata, 2002). Na nomenclatura popular os termos mais usuais são: canela-sassafrás (PR,SC), sassafrás (PR), canela-cheirosa, canela-funcho (SP), canela-parda, sassafrás brasileiro e louro-cheiroso (Cetnarski-Filho, 2003).

Potêncial valor econômico

A madeira da canela-sassafrás foi muito empregada na indústria moveleira e naval e na construção civil. Sua madeira era usada também para a confecção de barris e garrafas para armazenar aguardente. Em escala industrial, as raízes, cascas e folhas foram amplamente utilizadas para extração de óleo essencial, que apresenta alto teor de safrol, um composto com grande importância econômica para fixar aromas e produção de inseticidas biodegradáveis. Na medicina popular a raiz, casca, caule e folhas são usados como sudoríferos, anti-reumáticos e diuréticos (Oltramari et al., 2002)

Dados populacionais

Com base em estimativas realizadas através de dados de quantidade de óleo de sassafrás exportado, referenciados por Silva (1989) apud Oltramari et al. (2002), um volume aproximado de 926.424, 85m³ de madeira foi extraído no Estado de Santa Catarina a partir do qual 7.411.399kg de óleo de sassafrás foram obtidos em um período de 10 anos de exploração. Os registros de corte de canela-sassafrás em Santa Catarina para o período de 1981-1989, indicam que foram extraídos 209.571,43 m³ de madeira, em uma área correspondente a 12.890,23 m³, tendo a média explorada sido de 17,912 m³ de madeira/ha. Atualmente são poucos estudos que trazem dados populacionais de O. odorífera. A vegetação arbórea de sassafrás, em levantamento fitossociológico realizado à margem do Rio do Peixe, no Estado de São Paulo, foram encontradas 18 árvores/ha desta espécie (Toledo Filho et al., 2000). Nos fragmentos florestais da Fazenda Experimental Gralha Azul, no Paraná, foram identificadas 6.275 árvores adultas (DAP>10 cm), irregularmente distribuídas. Foram identificados indivíduos adultos de sassafrás em 18 das 31 áreas florestais no município de Fazenda Rio Grande, Paraná (Pélico Netto et al., 2007). Está entre as espécies arbóreas mais comuns da floresta madura do Parque Estadual de Ibitipoca, MG (Carvalho; Fontes; Oliveira Filho, 2000).

Distribuição

Endêmica do Brasil, ocorre nas regiões Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) e nordeste (Sul da Bahia) (Quinet; Baitello; Moraes, 2011).

Ecologia

Árvore com altura potencial em 17 m (Oliveira-Filho, 2010). Floresta ombrófila densa e estacional semidecidual (Stehmann et al., 2009), floresta nebular, mista de Araucária e costeira (Oliveira Filho, 2010). Monóica (Brotto; Santos; Baitello, 2011). A canela-sassafrás é uma espécie esciófila, que exige sombreamento de baixa a média intensidade quando jovem. Secundária tardia ou clímax tolerante à sombra (Carvalho, 2005). Floração em fevereiro, outubro e dezembro, e frutificação em maio e novembro (Quinet; Andreata, 2002).

Ameaças

1.3.3.2 Selective logging
Severidade very high
Detalhes A canela-sassafrás possui fatores de reprodução e dispersão que dificultam a sua regeneração natural: produção irregular de sementes, grande distanciamento entre árvores isoladas, diminuição cada vez maior, dos agentes polinizadores, predação dos frutos e sementes por pássaros e insetos, podridão de sementes por fungos e baixo vigor das sementes (Auer; Graça, 1995). Soma-se a estes fatores, um número cada vez menor de matrizes na floresta, devido a exploração madeireira (Carvalho, P.E. In: http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/efb/index_especies.htm).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Incidência national
Severidade very high

9.2 Poor recruitment/reproduction/regeneration
Incidência national
Severidade high
Detalhes

9.4 Inbreeding
Incidência national
Severidade high
Detalhes Eline Matos Martins. Conservação de Ocotea catharinensis, O. odorifera e O. porosa: espécies de Lauraceae ameaçadas de extinção. Rio de Janeiro, RJ: Escola Nacional de Botânica Tropical, 2013.

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Em perigo. ​Lista vermelha da flora de Minas Gerais(COPAM-MG, 1997).

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Em perigo. ​Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul(CONSEMA-RS, 2002).

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Rara. ​Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR,1995).

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: ​Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008),anexo 1. Vulnerável (Biodiversitas, 2005).

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: Vulnerável. A1cd. Varty, N. 1998. Ocotea pretiosa. In: IUCN 2011. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2011.2. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 20 December 2011.

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: needed
Observações: Mediante a situação atual de distribuição desta espécie em Santa catarina, a conservação do germoplasma de canela-sassafrás dependerá de ações que envolvam propagação, conservação in sito e ex sito, caracterização genética de indivíduos de diferentes populações, bem como o desenvolvimento de técnicas biotecnológicas de conservação através da propagação in vitro e criopreservação. Estudos que envolvam a propagação de germoplasma por meio da cultura de tecidos são importantes pré-requisitos para a conservação, visto que os métodos convencionais da propagação via semente não têm apresentado resultados satisfatórios de modo a garantir seu reflorestamento, por causa do grande período de tempo necessário para iniciar a fase reprodutiva (Oltramari et al., 2002).

Usos

Referências

- CARVALHO, L. R. Conservação de Sementes de Espécies dos Gêneros Nectandra, Ocotea e Persea (LAURACEAE). Dissertação de mestrado. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2006.

- AUER, C.G.; GRAÇA, M.E.C. Método para a Produção de Mudas de Canela-Sassafrás a partir de Mudas de Regeneração Natural, Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, PR, p.75-77, 1995.

- SOUZA, P.B.; IGNÁCIO, M.; AMADO, J.C.L.; BATISTA, M.L.; RAGGI, F.; ALMADO, R.D.P.; MEIRA NETO, J.A. Grupos Ecológicos da sere sucessional de uma Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Rio Doce, MG. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, n. 2, p. 222-224, 2007.

- INOUE, M.T.; PUTTON, V. Macropropagação de 12 Espécies Arbóreas da Floresta Ombrófila Mista. Floresta, v. 37, n. 1, p. 55-63, 2007.

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

- PÉLLICO NETTO, S.; FABROWSKI, F.J.; WEBER, S.H. Análise da estrutura diamétrica do sassafrás (Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer) em fragmentos fl orestais no município de Fazenda Rio Grande, Paraná. Ambiência, v. 3, n. 2, p. 167-181, 2007.

- OLTRAMARI, A.C.; SILVA, J.M.D.O.D.D.; PEDROTTI, E.L.; MARASCHIN, M. Análise histórica e de mercado da atividade extrativista da madeira e do óleo essencial da canela-sassafrás (Ocotea odorifera (Vell. Rohwer) no estado de Santa Catarina. Rev. Árvore, v. 26, n. 1, p. 99-106, 2002.

- QUINET, A.; BAITELLO, J.B.; MORAES, P.L.R.D. Lauraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB008441>.

- CARVALHO, L. M. T. D.; FONTES, M.A.L.; OLIVEIRA-FILHO, A.T.D. Tree species distribution in canopy gaps and mature forest in an area ofcloud forest of the Ibitipoca Range, south-eastern Brazil. Plant Ecology, n. 149, p. 9-22, 2000.

- BROTTO, M. L.; SANTOS, E. P.; BAITELLO, J. B. LAURACEAE NO MORRO DOS PERDIDOS (FLORESTA ATLÂNTICA), PARANÁ, BRASIL. Rodriguésia, v. 60, n. 2, p. 445-459, 2009.

- OLIVEIRA-FILHO, A.T.D. TreeAtlan 2.0. Disponivel em: <http://www.icb.ufmg.br/treeatlan/>. Acesso em: 09/2011.

- STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A.; SOBRAL, M.; COSTA, D.P.; KAMINO, L.H.Y. Plantas da Floresta Atlântica. 2009. 515 p.

- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.

- CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL, MINAS GERAIS. Deliberação COPAM n. 85, de 21 de outubro de 1997. Aprova a lista das espécies ameaçadas de extinção da flora do Estado de Minas Gerais, Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, Diário do Executivo, Belo Horizonte, MG, 30 out. 1997, 1997.

- ELINE MATOS MARTINS. Conservação de Ocotea catharinensis, O. odorifera e O. porosa: espécies de Lauraceae ameaçadas de extinção. Doutorado. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Botânica Tropical, 2013.

Como citar

CNCFlora. Ocotea odorifera in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Ocotea odorifera>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 02/04/2012 - 13:51:29